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A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) recebeu o Projeto
de Lei Ordinária que reestrutura o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos
(PCCV) dos servidores do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). A
proposta foi encaminhada na segunda-feira (28) pela Procuradoria-Geral de
Justiça do MP-BA, após aprovação no Colégio de Procuradores. O Bahia Notícias
obteve acesso antecipado à reestruturação do PCCV e destrinchou o projeto.
O texto prevê a modernização do regime jurídico dos
servidores, com nova organização de cargos e funções, definição de critérios
objetivos para progressão e promoção, além da reestruturação das gratificações.
O objetivo, segundo o procurador-geral de Justiça, Pedro Maia, é “garantir
maior coerência entre a norma e os desafios contemporâneos enfrentados pelo
órgão”, com foco em “valorização funcional, eficiência e sustentabilidade
fiscal”.
“A reformulação proposta está fundamentada em diagnóstico
interno minucioso, que identificou a necessidade de reorganizar a estrutura de
cargos, carreiras, funções e requisitos de escolaridade, a fim de conferir
maior racionalidade normativa, segurança jurídica e clareza funcional. O modelo
proposto promove a reconfiguração das carreiras dos servidores efetivos, com
definição mais precisa das atribuições, novo sistema de classes e níveis, e
critérios objetivos para progressão e promoção, sempre orientados pela
valorização do mérito e pela qualificação técnica”, escreveu o Pedro Maia.
Entre os principais pontos, destaca-se a criação de novas
nomenclaturas para os cargos: os antigos Analistas Técnicos passam a ser
denominados Analistas Ministeriais, os Assistentes Técnico-Administrativos
viram Técnicos Administrativos Ministeriais, e os Motoristas passam a compor um
quadro em extinção como Técnicos Motoristas Ministeriais.
Além disso, o projeto unifica a data-base da progressão na
carreira para 1º de outubro e prevê a extinção de cargos de motorista à medida
que forem vagando, sendo transformados em cargos administrativos.
A remuneração dos servidores, conforme o Projeto de Lei, será
composta pelo vencimento básico de cada cargo, gratificações e adicionais
previstos em Lei, além de outras vantagens compatíveis. Os cargos efetivos são
agrupados em 8 classes, cada uma com 3 níveis, para fins de desenvolvimento na
carreira.
Os valores detalhados no Projeto de Lei para vencimentos
básicos e gratificações são os seguintes:
Quadro de Pessoal Permanente:
Analista Ministerial (Nível Superior): Composto por 8 classes
(I a VIII), cada uma com 3 níveis de Gratificação por Competência (GPC).
Vencimento Básico:
- Varia
de R$ 6.580,39 (Classe I) a R$ 19.051,63 (Classe VIII).
Gratificação por Competência (GPC) (Níveis 1 a 3):
- Classe
I: R$ 944,13 (Nível 1), R$ 1.168,91 (Nível 2), R$ 2.193,46 (Nível 3).
- Classe
II: R$ 2.251,43 (Nível 1), R$ 2.671,13 (Nível 2), R$ 3.132,82 (Nível 3).
- Classe
III: R$ 3.268,02 (Nível 1), R$ 3.877,45 (Nível 2), R$ 4.547,74 (Nível 3).
- Classe
IV: R$ 4.555,80 (Nível 1), R$ 5.440,63 (Nível 2), R$ 6.413,99 (Nível 3).
- Classe
V: R$ 6.518,50 (Nível 1), R$ 7.711,17 (Nível 2), R$ 9.005,37 (Nível 3).
- Classe
VI: R$ 7.124,50 (Nível 1), R$ 8.407,60 (Nível 2), R$ 9.818,50 (Nível 3).
- Classe
VII: R$ 7.821,70 (Nível 1), R$ 9.231,10 (Nível 2), R$ 10.772,78 (Nível 3).
- Classe
VIII: R$ 8.583,23 (Nível 1), R$ 10.127,70 (Nível 2), R$ 11.937,21 (Nível
3).
A GPC é restrita a servidores com jornada de 40 horas
semanais e integra a remuneração para cálculo de férias, abono pecuniário,
gratificação natalina, indenizações e benefícios previdenciários.
Técnico Administrativo Ministerial / Técnico Motorista
Ministerial (Nível Médio): Aplica-se a esses cargos o mesmo padrão de
vencimento e GPC.
Vencimento Básico: Varia de R$ 3.948,23 (Classe I) a R$
11.430,98 (Classe VIII).
Gratificação por Competência (GPC) (Níveis 1 a 3):
Classe I: R$ 566,48 (Nível 1), R$ 701,35 (Nível 2), R$ 1.316,08 (Nível 3).
Classe II: R$ 1.350,86 (Nível 1), R$ 1.602,68 (Nível 2), R$ 1.879,69 (Nível 3).
Classe III: R$ 1.960,81 (Nível 1), R$ 2.326,47 (Nível 2), R$ 2.728,64 (Nível
3).
Classe IV: R$ 2.733,48 (Nível 1), R$ 3.264,38 (Nível 2), R$ 3.848,40 (Nível 3).
Classe V: R$ 3.907,10 (Nível 1), R$ 4.613,76 (Nível 2), R$ 5.391,07 (Nível 3).
Classe VI: R$ 5.578,39 (Nível 1), R$ 5.763,59 (Nível 2), R$ 5.954,33 (Nível 3).
Classe VII: R$ 6.119,62 (Nível 1), R$ 6.321,98 (Nível 2), R$ 6.530,42 (Nível
3).
Classe VIII: R$ 6.713,43 (Nível 1), R$ 6.934,56 (Nível 2), R$ 7.162,33 (Nível
3).
Auxiliar de Serviços Gerais (Cargos a serem transformados à
medida que vagarem):
Os valores indicados são:
- R$
1.346,65 (A)
- R$
1.548,63 (B)
- R$
1.780,91 (C)
- R$
2.048,03 (D)
- R$
2.355,28(E).
Quadro dos Cargos em Comissão:
Os padrões de vencimentos básicos para alguns cargos em
comissão foram listados:
- Superintendente
(CMP-8): R$ 12.965,72.
- Superintendente
Adjunto (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
Administrativo (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
de Contabilidade e Finanças (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
de Contratos, Convênios e Licitações (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
de Engenharia e Arquitetura (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
de Gestão de Pessoas (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
Jurídico (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Diretor
de Tecnologia da Informação (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Assessor-Chefe
da Procuradoria-Geral de Justiça (CMP-7): R$ 10.804,77.
- Coordenador
Jurídico (CMP-6): R$ 8.508,75.
- Coordenador
de Planejamento e Gestão Orçamentária (CMP-6): R$ 8.508,75.
- Coordenador
Executivo da Secretaria-Geral (CMP-6): R$ 8.508,75.
- Coordenador
Executivo de Gestão Estratégica (CMP-6): R$ 8.508,75.
- Gestor
de Comunicação Social (CMP-6): R$ 8.508,75.
FUNÇÕES DE CONFIANÇA
As funções de confiança são exercidas exclusivamente por servidores efetivos e
possuem vencimento próprio. Conforme o projeto, vencimento das funções de
confiança é percebido sem prejuízo do vencimento básico do cargo efetivo e das
gratificações compatíveis. Apesar de citar uma mudança salarial, neste setor, a
proposta do MP-BA não informa com detalhes. Por conta disso, a reportagem focou
na questão da Gratificação por Serviços Especiais (GSE).
Gratificação por Serviços Especiais (GSE):
Os valores indicados são;
- Cumprir
mandados, realizando notificações e intimações, com lavratura de autos e
certidões referentes aos atos praticados: R$ 727,78.
- Realizar
a aplicação de recursos orçamentários de sua unidade, inclusive o
acompanhamento da despesa em seus diversos aspectos: R$ 727,78.
- Desenvolver
funções de supervisão e liderança de equipes técnicas especializadas: R$
1.455,56.
- Desenvolver
atividades de Agente de Contratação (condução de processos licitatórios):
R$ 1.637,51.
- Desenvolver
atividades com acúmulo de funções: R$ 909,73.
- Desenvolver
atividades de investigações estruturadas: R$ 1.455,56.
A GSE também integra a remuneração para cálculo de férias,
abono pecuniário, gratificação natalina, indenizações e benefícios
previdenciários.
Caso aprovada em Plenário na AL-BA, a lei entra em vigor em
1º de janeiro de 2026.
O IMPASSE DO PCCV DO TJ-BA NA AL-BA
Na terça (29), o Sindicato dos Servidores dos Serviços
Auxiliares do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sintaj) declarou greve geral por tempo indeterminado dos
trabalhadores do judiciário baiano a partir da terça-feira da próxima semana,
no dia 6 de maio.
De acordo com a entidade, a greve ocorre em meio a imbróglios
para a votação do PL 25.491/2024, que institui PCCV do TJ-BA. O projeto de
reestruturação chegou na AL-BA há seis meses e segue sem expectativa para ser
apreciada em Plenário.
O líder do governo Jerônimo Rodrigues (PT) na AL-BA, o
deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), falou sobre o atraso da votação do PCCV do Poder
Judiciário baiano e apontou que o problema o qual está gerando o imbróglio é
orçamentário.
"Os projetos devem ser analisados com a ótica
orçamentária. Falei nesse instante para os representantes aqui dos servidores
do Poder Judiciário. Se você não tem a capacidade, tem dois projetos tramitando
na Casa do Poder Judiciário que têm custos altos. Então, a minha sugestão para
eles é que procurassem a presidenta do tribunal para analisar a capacidade
orçamentária dos dois projetos. (...) Agora é lógico, nós temos os deputados na
totalidade, temos a responsabilidade orçamentária e temos que garantir que isso
aconteça sem gerar crise nem para o Poder Judiciário, nem para o Poder
Executivo", disse o deputado ao Bahia Notícias.
Por Bahia Notícias