
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi sobrecarregado nos últimos 10 anos com números alarmantes de internações por acidentes de trânsito. De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), disponibilizados ao Metro1, 17.452 pessoas foram internadas em unidades de saúde por envolvimento em sinistros em 2024. Só no mês de janeiro deste ano, foram 473. São números elevados que exemplificam como o serviço público enfrenta um desafio nas altas demandas de motoristas, motociclistas e pedestres que precisam de atendimento especializado.
Acidente custa caro
No Brasil, as despesas diretas que acidentes de trânsito geram para o SUS são de R$3,8 bilhões, conforme um levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) e da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Levando em conta que na Bahia o custo médio por paciente é de cerca de R$1.119,45, o estado já destinou mais de R$19,5 milhões apenas para os pacientes internados por acidentes no ano de 2024.
A maioria das vítimas é formada por homens jovens com menos de 30 anos. E o destaque vai para os motociclistas. Segundo a Sesab, eles representam 75% dos internados por acidente. Este parâmetro se confirma com o panorama fornecido pela Transalvador (Superintendência de Trânsito do Salvador), que também traz as motos como líderes no ranking de envolvimento em sinistros.
Na capital baiana, as avenidas com mais acidentes registrados no ano passado foram a Luís Viana Filho/Paralela (307), Antônio Carlos Magalhães (170), Afrânio Peixoto (165), Tancredo Neves (120) e Vasco da Gama (105).
Reflexo na regulação
Os altos gastos e a demanda elevada influenciam na atuação do sistema de saúde e limitam sua eficiência. Algumas vítimas enfrentam dificuldades ao precisar de um atendimento especializado e acabam demorando na fila da regulação ou então ocupam a vaga que poderia ser para outro paciente. Para a Sesab, qualquer necessidade de internação acaba afetando de alguma forma a regulação.
Se algum paciente necessita de algum recurso hospitalar, existe a possibilidade de solicitar via Central Estadual de Regulação.
Números que preocupam
O cenário é preocupante porque ano a ano os números de internações por acidente de trânsito só aumenta. Nos últimos dez anos, de 2014 a 2024, por exemplo, o número quase dobrou (87%). Esse é um público que gera preocupação, com agravantes em situações que envolvem a falta de uso de capacetes, cintos de segurança, o consumo de álcool, além da condução irresponsável nas vias.
Iniciativas para reduzir a sobrecarga
O Hospital Ortopédico do Estado da Bahia é uma estratégia que tenta aliviar a sobrecarga causada por essas internações na fila da regulação. Ele foi inaugurado em 2024 com o objetivo de aliviar as demandas de casos que precisam de procedimentos específicos e de alta complexidade. A unidade atende todo estado e, por dia, mais da metade dos atendimentos são destinados a pessoas que se envolveram em algum acidente. Uma outra medida é o Programa Vida no Trânsito, que atua buscando reduzir o número de mortes e lesões graves por sinistros com ações de segurança, fiscalização, prevenção e educação no trânsito na Bahia.
Foto: Agência Brasil/Acervo