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1 vĂ­tima a cada 3 dias: feminicĂ­dios aumentam 50% em oito anos na Bahia

Publicada em: 19/03/2025 07:13 - Bahia

Ato contra feminicĂ­dio CrĂ©dito: TĂąnia RĂȘgo/ AgĂȘncia Brasil

Em oito anos, a Bahia registrou 790 feminicĂ­dios, um aumento de 50% de 2017 a 2024. Isso significa dizer que uma mulher foi vĂ­tima letal de violĂȘncia de gĂȘnero a cada trĂȘs dias no estado. Apenas em 2024, foram 111 casos. Em relação ao ano anterior (2023),  quando foram 115 assassinatos, houve redução de 3,5%.

Os dados sĂŁo da SuperintendĂȘncia de Estudos EconĂŽmicos e Sociais da Bahia (SEI), em parceria com a Secretaria da Segurança PĂșblica do Estado (SSP-BA). O trabalho traz a caracterização e o perfil das vĂ­timas de feminicĂ­dios no estado a partir da sistematização de dados dos Boletins de OcorrĂȘncia (BO), registrados pela PolĂ­cia Civil (PC), entre os anos de 2017 e 2024.

Em termos comparativos, em 2024, 1,4 mulheres foram vĂ­timas de feminicĂ­dios a cada 100 mil baianas, enquanto que, em 2017, 1 mulher foi vĂ­tima de feminicĂ­dio a cada 100 mil mulheres na Bahia. Ainda em 2024, de cada cinco mulheres que morreram de forma violenta, duas delas foram vĂ­timas de feminicĂ­dios. E ao menos um feminicĂ­dio foi registrado em 73 dos 417 municĂ­pios da Bahia no ano passado.

De acordo com a pesquisa, 72,1% das ocorrĂȘncias foram dentro do domicĂ­lio da vĂ­tima. Outros 22,1% foram nas ruas. Sobre a autoria, 84,4% eram parceiros Ă­ntimos das mulheres alvos da violĂȘncia (companheiros ou ex-companheiros e namorados).

O perfil das vĂ­timas mostra que a maioria era composta por mulheres adultas (entre 30 e 49 anos), negras (pretas e pardas) e nĂŁo solteiras.

RazÔes

Para Vanessa Cavalcanti, historiadora feminista, docente e investigadora do Programa de PĂłs-Graduação em Estudos Intredisciplinares sobre Mulheres, GĂȘnero e Feminismo, da Universidade Federal da Bahia (PPGNeim-Ufba), o aumento de feminicidios pode ser explicado por vĂĄrias razĂ”es, como o machismo, que mata e estĂĄ arraigado na cultura e no cotidiano; o pequeno aparato de segurança e proteção para alĂ©m de marcos legais (incluindo prevenção, coibição do crime e orçamento para educação, enfrentamento atravĂ©s de polĂ­ticas pĂșblicas e prolongamento de medidas protetivas); e a criação e reforços de polĂ­ticas consistentes e efetivas.

"Os tempos sĂŁo de ataques, constante necessidade de intervenção e nĂșmeros que nĂŁo calam. As 'mĂĄquinas de morte' nĂŁo dĂŁo trĂ©guas. Praticadas por 'homens comuns' (em geral seus nomes sĂŁo preservados) que decidem quem deve viver/morrer", comenta Vanessa. Ela chama a atenção para algumas lacunas sobre vĂ­timas travestis, quilombolas e indĂ­genas, motivação e filiação ou outras vĂ­timas de contextos familiares e de intimidade. 

Segundo a SEI, os dados desta pesquisa evidenciam um padrĂŁo de ocorrĂȘncia no tipo criminal e contribuem para a construção de medidas mais efetivas para a proteção da vida das mulheres vĂ­timas de violĂȘncia de gĂȘnero.

Por Correio24horas

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